quarta-feira, 7 de março de 2012

Um dia no Centro da cidade com um toque especial de poesia...

Na última sexta-feira, eu e meu marido passamos o dia no Centro da cidade (Rio de Janeiro), fui fazer alguns exames médicos para ingressar em minha nova conquista profissional, e também estávamos resolvendo aquelas coisas bancárias que só podem ser nas agências... entre outras coisas, passando o dia juntos. Foi um dia muito proveitoso e prazeroso, ainda mais, porque ao entrarmos na Galeria na Av. Rio Branco (Ed. Marquês do Herval), nos deparamos com este belo e perfeito poema do nosso querido poeta, Carlos Drummond de Andrade, ainda não o tinha reparado na vidraça da Livraria Leonardo Da Vinci, muito bem feito, quem conhece a Livraria, vai ver que o poema é perfeito:

 LIVRARIA 
Ao termo da espiral
que disfarça o caminho
com espadanas de fonte,
e ao peso do concreto
de vinte pavimentos,
a loja subterrânea
expõe os seus tesouros
como se defendesse
de fomes apressadas.
Ao nível do tumulto
de rodas e de pés,
não se decifra a oculta
sinfonia de letras
e cores enlaçadas
no silêncio dos livros
abertos em gravura.
Aquário de aquarelas,
mosaicos, bronzes,
nus,
arabescos de Klee,
piscina onde flutuam
sistemas e delírios
mansos de filósofos,
sentido e sem-sentido
das ciências e artes
de viver: a quem sabe
mergulhar numa página,
o trampolim se oferta.
A vida chega aqui
filtrada em pensamento
que não fere; no enlevo
tátil-visual de idéias
reveladas na trama
do papel e que afloram
aladamente dançam
quatro metros abaixo
do solo e das angústias
o seu balé de essências
para o leitor liberto.

Carlos Drummond de Andrade
(Poema em homenagem à Livraria Leonardo da Vinci)