Alguns professores afirmam que os alunos não gostam e não querem
aprender teoria gramatical. Nossa hipótese é que a idéia de que: “alunos não
consideram importante a teoria gramatical” não corresponde à verdade.
Saber o que pensam os alunos do ensino médio sobre o ensino da
língua portuguesa, a fim de verificar a importância dos conteúdos gramaticais
na vida prática destes jovens, pareceu-nos importante, uma vez que, como
educadores, estamos preocupados com a formação integral do aluno. E as
aulas de língua portuguesa muito contribuem para esta formação. Como bem
nos mostra Bechara (2005, p. 24):
... não é só através da aula de língua portuguesa que o aluno
chegará a esta cultura integral; todas as matérias que lhe são
ministradas concorrem para esse objetivo maior. Mas acreditamos
que é na aula de língua portuguesa que se abre maior espaço para
tais oportunidades. Ao entrar no mundo maravilhoso das informações
que veiculam os textos literários e não-literários, modernos e antigos,
terá o professor de língua materna a ocasião propícia para abrir os
limites de uma educação especificamente lingüística.
Sabemos que estes alunos do ensino médio não são especialistas da
língua, e talvez se torne difícil para eles opinar a respeito de um assunto tão
complexo; porém, somos conscientes também de que eles já atingiram certo
grau de maturidade, que os torna capazes de saber o que é útil ou inútil para
eles.
A gramática liga-se sempre à consciência do locutor. Auroux (1992)
divide o saber metalingüístico em três domínios: o primeiro domínio é o da
enunciação: o locutor tem que tornar sua fala adequada a uma determinada
realidade, como convencer alguém, representar o real, etc.; o segundo é o
domínio das línguas: compreensão da língua seja materna ou não; o terceiro é
domínio da escrita: capacidade de dominar técnicas e práticas codificadas.
Espontaneamente, aprendemos a falar nossa língua quotidiana,
falando. Mas há uma coisa que parece segura: que desde que exista
um sistema de escrita, para utilizá-lo é preciso aprendê-lo de modo
especial (AUROUX, 1992, p.25)
Segundo Auroux (1992)"A gramática, propriamente dita, só nasce mais
tarde, dois séculos antes da era Cristã, na atmosfera filológica da Escola de
Alexandria” Os gregos foram os primeiros que se dedicaram aos estudos
gramaticais.
Fonte: MONTEMÓR, Hilda Aparecida de Souza Melo. Vale a pena aprender gramática?: Representações de alunos da rede particular e da rede pública de ensino. Taubaté: Universidade de Taubaté, 2008.
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