sexta-feira, 8 de maio de 2009

Língua falada e língua escrita.

Para o estudo lingüístico, a comunicação verbal é anterior à escrita, sendo assim, a fala é basilar na linguagem, a primeira etapa desta.Pode-se dizer que a escrita é totalmente secundária à fala, então porque os estudos científicos enfatizam a comunicação escrita?

Podemos afirmar que a língua falada é inegavelmente mais variável e variada do que a escrita, pois esta se limita às formas, normas e regras das gramáticas, assim tornam-se menos trabalhosos seus estudos já que sua estrutura é baseada no que produzem os falantes da língua. Para Chomsky, a criatividade humana para a linguagem é surpreendente, sendo a gramática uma ferramenta de reflexão da capacidade que tem todos quanto falam fluentemente uma língua, produzindo e compreendendo sentenças que não ouviram anteriormente. Desta forma a teoria lingüística preocupa-se com a justificação das gramáticas e não desvalorizando sua importância. Mesmo assim o lingüista afirma que as gramáticas têm um estado finito, mas estas são capazes de gerar infinito conjunto de sentenças, por meio de um número finito de regras recursivas, operando sobre um vocabulário finito. Por esses e outros argumentos que a língua tem sido estudada em todas as suas possibilidades.

É possível perceber que a língua tem suas formas criadas por nós mesmos. Usamos necessariamente a língua padronizando ao estilo culto, em particular quando escrita, é tradicional, de certo modo uma língua especial, porém segundo Celso Cunha escreve que se esta se afasta da língua viva, a usada para comunicação verbal, se não se renova com as criações do falar corrente, não teria utilidade a normalização ou estilização, pois assim atinge diretamente seu funcionamento ficando estratificada, seguindo para a morte “letárgica” do idioma. Entretanto os brasileiros podem usufruir o direito de aumentar e enriquecer a língua portuguesa e de acomodá-la às suas necessidades, adaptando-as para a contínua melhoria da comunicação, sendo lexical ou sintaticamente, para expressar hoje as idéias do século, os sentimentos desta civilização, criando assim novo jeito às frases de antigamente. Para isso o importante pólo da variedade, que corresponde à expressão individual, é indispensável para que tenhamos garantia da intercompreesão, pois a linguagem expressa também o ambiente social e nacional, obedecendo a uma norma que é simultaneamente histórica e sincrônica.

A língua portuguesa falada no Brasil possui variedades lingüísticas bem interessantes, que afetam questões fonéticas e semânticas. Principalmente as diferenças entre cidades de um mesmo estado brasileiro, são impressionantes. Como a pronúncia de diversas palavras proferidas em Campos dos Goitacazes, por exemplo, que é uma cidade do estado do Rio de Janeiro, seus habitantes têm um modo de falar totalmente diferente dos habitantes da cidade Rio de Janeiro, a pronúncia o “s” é bem diferente, os campistas se aproximam foneticamente dos mineiros, o jeito de se expressarem, de dizerem as frases, palavras homógrafas com significados diferentes nas regiões, por aí vemos como a comunicação se faz viva pelos falantes, estes a fazem em concordância com suas realidades e necessidades, isso sem adentrarmos em tais diferenças.

Observando essas idéias, podemos afirmar que a língua falada e a língua escrita são instrumentos de nossa comunidade linguística, do nosso idioma, a língua portuguesa que é o código maior com outros subcódigos na comunicação recíproca, se compondo de vários sistemas simultâneos, estes por sua vez com funções diferentes e de mesma importância. Língua falada, escrita, são sistemas, formas ideais de realização para cada indivíduo, admitindo variadas normas dentro da realidade de vida dos mesmos. Contudo a língua falada é a precursora do sistema lingüístico de qualquer língua, antecedendo a escrita, sendo esta sucessora, porém não de menor ou maior importância, ambas representantes da comunicação e identidade humana de uma sociedade. Lembrando também que a lingüística procura justificar a escrita através da linguagem, atribuindo um valor a língua falada que não se atribuía nos estudos de âmbito lingüístico. Assim sendo, a linguística acopla o estudo de outro sistema lingüístico, enriquecendo, agregando outro “olhar” para o conjunto de sistemas da língua, que fora limitado aos estudos, durante muitos anos a um único sistema: a língua escrita, já não era hora da oralidade ser minuciosamente "olhada".

Luana Abali.

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