quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tempos atuais... tempos modernos... Têm trazido qualidade de vida aos homens?

Rotinas desgastantes, jornadas repletas de mesmices, compromissos chatos muitas vezes, porém importantes, estudos, leituras, trabalho, downloads, shoppings, fast- foods, comidas congeladas, PIB crescendo, TV plasma, palm- tops, exploração do petróleo, cirurgias à laser,funcionalidades das células-tronco,terrorismo, bronzeamentos artificiais, youtube,comidas de microondas, miojo em três minutos, problemas das mais variadas ordens nas famílias, nas finanças, nos relacionamentos , na saúde,nas nações; artigos acadêmicos colacionados da internet, preguiça para pensar, resistência ao ato de ler, celulares carregando a bateria, gravidez-precoce aumentando, dificuldades para a verdadeira arte se manifestar, cursos on-line, comidas instantâneas, sms e torpedos para todos os lados, relacionamentos descartáveis, guerra civil, crise na política, falta de esclarecimento, falta de oportunidades justas e democráticas aos atletas, cantores, atores, artistas em geral; aberrações legitimadas socialmente e juridicamente, horários sempre apertados e corridos, ansiedades de todo tipo...


Eis aqui alguns elementos, fatos,descobrimentos, sentimentos e dramas que compõem a atualidade, o mundo moderno, a era contemporânea...


Com meus 25 anos completos confesso sentir falta do ar puro do campo, a possibilidade de sentir a visita dos ventos da tarde, a chance de poder acompanhar o entardecer e ver o sol se despedindo de nós; reparar o céu à noite estrelado, contemplar a lua, ter a sensação de ver o tempo sendo dominado e não nos dominando, sentir que sou livre e não escravo das terríveis rotinas cotidianas que, muitas vezes, são impostas a nós por alguém ou por um sistema econômico e social vigente, contrário à nossa vontade.

É impressionante como a qualidade de vida vem se perdendo, como as pessoas andam com pressa, querem resolver seus problemas imediatamente, se aborrecem com facilidade, se estressam e se descontrolam emocionalmente com simples bagatelas do dia a dia.

Já se disse em Filosofia que "o não saber angustia", mas existem muitas outras coisas que angustiam também, sobretudo no contexto dos nossos dias. É fácil notar que até o diálogo entre nós está complicado, quando conversamos ou precisamos falar com outra pessoa no trabalho, em casa, na universidade, na igreja,  em qualquer lugar. Percebo que em muitos momentos o ouvinte tem pressa, te dá alguns segundos... e se você de repente não consegue atender a essa expectativa de tempo dada , corre o risco de você ser cortado,de não ter mais a mesma atenção do receptor ou até ser julgado no fim da conversa de lesado, lento , lerdo, coisas do tipo...


Nos irritamos com um PC lento, nos irritamos com a ausência de um PC, com um elevador que demora a chegar, com um engarrafamento aleatório, com um concurso público que demora a convocar os aprovados, com um calor intenso ou com um frio perturbador, com as esperas exigidas nas agências bancárias, e aqui um parêntese ( até as casas lotéricas a pouco tempo eram recorridas estrategicamente para driblarmos as gigantescas filas dos bancos, o que agora já era... por causa da MEGA- SENA acumulada e que atrai multidões!)


Os efeitos de um mundo globalizado trouxeram muitas facilidades e descobertas tecnológicas, mas também trouxeram ritmos acelerados, vidas corridas, agitações coletivas, inquietações generalizadas, fortes desestímulos à reflexão, agendas lotadas e entulhadas. Hoje uma criança, um adolescente ou um jovem pode e já se estressa facilmente devido às responsabilidades que a vida moderna derrama e coloca sobre seus ombros...


A alimentação das crianças regrediu, a educação está em crise e me refiro aqui ao Ensino Público e ao Ensino Privado; antes, o saber tinha uma significação mais profunda ,o conhecimento era adquirido com mais qualidade e espontaneidade,o aprendizado contava com mais tempo, com mais horas e com mestres e professores igualmente também mais disponíveis,com mais horas-aulas e ,consequentemente, mais próximos dos alunos. Hoje, para a maioria dos jovens e crianças de qualquer classe social, ir à escola ou à universidade é uma obrigação árdua, chata , cruel, mas que tem que ser encarada e suportada. O estudante hoje não tem, nem sente ter um ideal, mas tem ou sente ter um fardo.

O meio rural, o campo, o contato direto com a natureza, dormir na rede, tomar sacolé, brincar de bonecas, jogar bolinhas de gude, soltar pipas, pular amarelinha, comer nas horas certas, se divertir no zoológico, apertar a campanhia do vizinho e sair correndo, jogar vôlei ou peteca na rua, escutar as histórias contadas pelos pais ou avós na hora de dormir foram trocados por msns, jogos eletrônicos, vídeo games, shoppings, lan houses, jogos de tiroteio, rotinas estressantes, obrigações, muitas vezes, precoces e nocivas para um saudável desenvolvimento de um ser humano .

Não é a toa que a era contemporânea traz, cada vez mais, problemas contemporâneos sérios como: obesidade, depressão, bulimia, anorexia, desestruturas emocionais nas famílias e nos relacionamentos que acabam conduzindo uma geração a caminhos escuros, tenebrosos e com poucas chances de reversão, sendo eles: (suicídio,criminalidade,prostituição,vícios em tóxicos ou em bebidas alcoólicas e tantos outros).

Outro ponto é a pressão que o mundo moderno coloca nas mulheres por meio da mídia, da moda e do sistema econômico atual de que não apenas as inseriu no mercado de trabalho como exige delas o cultivo de uma vaidade excessiva, desequilibrada e doentia. Colocar silicones, fazer campanhas de fome, artificializar ao máximo seus cabelos, se alimentar com culpa, violentar com veemência sua própria consciência ao comer doces, tortas e quitutes, realizar desenfreadamente lipoaspiração, se deprimir intensamente sempre quando descobrir o aparecimento de uma pequena celulite ou de uma companheira estria ou até mesmo quando ganhar alguns quilos na balança são atitudes que devem adotar se quiserem ser elegantes, se quiserem estar em consonância com as tendências do universo da moda, se quiserem ser feliz, se quiserem que apareça o homem dos sonhos ou se quiserem manter um parceiro num relacionamento já falido e destruído.


Esse dialeto cultural não passa de uma falácia, de um verdadeiro culto desequilibrado à beleza, de uma tendência fútil, artificial e efêmera. Essa onda não quer outra coisa senão incentivar o enaltecimento das aparências e desvalorizar gradativamente as essências de uma mulher. Não sou contra a vaidade feminina até porque se exercida dentro da normalidade vale a pena, melhora a auto-estima, causa felicidade espontânea e também porque a conservação da beleza feminina encontra respaldo nos enunciados bíblicos.
Acredito que nós “romanceamos a nossa própria história” e por isso devemos estar atentos e sensíveis a reflexão de como vêm sendo vivido nossos dias em um mundo que tem pressa, que preza pela rapidez, pela velocidade no tempo.

 Se somos pais, filhos, amigos ou parentes, se somos pertencentes a uma classe social A ou B ou C, se somos homem ou mulher,  não importa, o importante é respondermos primeiramente para nós mesmos se estamos caminhando na direção certa, se em nossas plantações estão sendo plantadas sementes que frutificarão e de que maneira estamos executando essa importante atividade da vida, se estamos dispostos a corrigir nossos erros, se estamos empenhados em perseverar nos acertos e preservá-los sempre; se estamos vivendo com qualidade de vida ou se ao menos estamos buscando viver dessa forma nos Tempos atuais, Nos tempos modernos.


Fabio Henrique Balod Moniz Sodré (2010)