terça-feira, 5 de abril de 2011

CORTAR O TEMPO (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)



Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.


Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.



Drummond já em sua época observava, refletia em como o tempo é consumido em nossa sociedade. Somos submetidos ao calendário, ao cronograma que "organiza" nossa vida.

Nossas rotinas, nossos dias são muitas vezes: trabalho, trabalho, trabalho, quando não TV, TV, TV... O cansaço ocorre, a alienação é uma ênfase social, o pensar está extinto... Leituras... hoje em dia, só sobre esportes, fofocas, reality shows, quando não sobre o crime "organizado", "autorizado".

Entra ano, acaba ano e a sensação é que o tempo fica insuficiente, mas o concreto é que o preenchimento do tempo é que está mais que suficiente, deixando-nos com o tempo cortadinho em míseros pedaços insuficientes para a necessidade do tempo atual. Tempos "cortados", tempos dilacerados...

Luana Abali.

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